sexta-feira, 15 de abril de 2011

'Nunca vi o dinheiro', diz garimpeiro que achou opala de R$ 1 milhão no PI












No interior do Piauí, há cerca de 40 anos, comprar fiado era comum e nenhum negócio fechado ia além de uma anotação em uma caderneta. Foi dessa forma que Raimundo Daltro Galvão, 85 anos, conhecido como Mundote, um dos garimpeiros mais antigos da cidade de Pedro II, viu seu grande achado, uma opala extra de quase cinco quilos avaliada hoje em mais de R$ 1 milhão, ir embora para o Rio de Janeiro, sem nunca ter lhe rendido um tostão.
“Isso era comum. Ainda tenho guardado no meu cofre cheques de pessoas que compraram pedras de mim há mais de 20 anos e que nunca vi o dinheiro. Mas ainda guardo, tá lá.”
A última notícia que teve de sua pedra preciosa dava conta de que um museu britânico a expunha como parte de sua coleção. “Não quero nem mais saber daquilo também. Já passou e não interessa mais”, disse, com ares de quem pouco se importa em ter perdido tanto dinheiro. “Garimpeiro é assim. O dinheiro vem e vai. Eu tenho é fé no hoje”, ri.

O interior do Piauí, onde vive Mundote, é um dos dois únicos lugares do mundo onde se encontra a opala - o outro é o interior da Austrália. Isso faz com que o mineral seja considerado precioso e chegue a custar três vezes mais do que o ouro. Por ano, a cidade de Pedro II vende perto de 400 quilos de joias feitas com a pedra para os mercados interno e externo.Sorte no garimpo
Nesses perto de 53 anos, Mundote chegou a encontrar mais duas pedras de opala negra, o tipo mais raro desse mineral - e mais valioso -, que, juntas, chegavam a pesar quase um quilo. Essa sorte para o garimpo, ainda que o destino desses maiores achados tenha sido longe de Pedro II, faz o garimpeiro sonhar em viver até os 120 anos e continuar cavando buracos em busca de mais pedras preciosas. “Só gosto disso, é isso que dá dinheiro. Aqui, tudo é opala. Se não fosse meu filho encrencar e o tempo estar assim, chovendo muito, eu já tava é lá”, contou Mundote, que após ter sido dono da concessão de uso de quatro minas, hoje só cuida de uma.“Uns anos se passaram, mas eu nunca esqueci isso. Foi um doido me avisar que tinha pedra sendo tirada da terra que fui querer saber o que era. E agradeço até hoje por esse doido ter aparecido... Se explodisse um vulcão nessa terra, ia sair opala em vez de lava por tudo quanto é canto. Eu sei do que to falando.”

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